Por sua definição é o design que está atento ao papel e à responsabilidade do(a) designer na sociedade e ao uso do processo de design para provocar mudanças sociais.
Desde o surgimento da vida, formas de cooperação foram desenvolvidas a fim de facilitar o processo de sobrevivência na Terra, e com o ser humano não foi diferente. Projetos de design primórdios foram desenvolvidos para esse fim, como por exemplo lanças e objetos cortantes desenvolvidos para caça, projeção de armadilhas, entre outros.
Basicamente o design social, na sua simplicidade, busca uma solução para um problema que foi encontrado em um meio compartilhado.
Mas afinal, o que exatamente é design social? Quer dizer, o que o diferencia dos outros designs?
O design social possui algumas características marcantes, tais como:
O design social é empático
Assim como o social thinking, o design social é motivado pelas necessidades do seu público. Um outro exemplo é o conhecido “Human-Centered Design” definido por Mike Cooley, que é basicamente, o design que é centrado no ser humano e em suas necessidades.
Segundo Don Norman, diretor da “The Design Lab” na Universidade da Califórnia em São Francisco, quando o design não acontece dessa forma, seu resultado pode ser bonito e atrativo, mas geralmente não apresenta resultados satisfatórios. Já o Human-Centered Design, pode até não atender todos os gostos pessoais, mas cumpre seu papel perfeitamente.
Como seria possível, por exemplo, desenvolver um projeto social numa comunidade menos favorecida se o designer responsável pelo projeto, nunca sequer viveu o que aquelas pessoas vivem?
Não é incomum encontrar celebridades do mundo criativo visitando países mais pobres a fim de criar um projeto revolucionário e sair como herói, porém ao chegar nesses lugares, se hospedar nos melhores hotéis, comer das melhores comidas e visitar os melhores lugares, não é exatamente uma aula de imersão.
O designer social é consciente do mundo em que se vive
Com a evolução rápida da tecnologia, novos gadgets surgem nos supermercados, novos veículos aparecem nas ruas e o mercado facilita a aquisição da ferramenta perfeita de trabalho. Mas nesse mundo aparentemente perfeito, o designer social não se esquece de problemas como:
- 1,1 bilhões de pessoas no mundo não tem acesso a água potável.
- Mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não tem acesso a eletricidade.
- Somente 10% da população mundial possui computador e apenas 4% têm acesso a internet.
- No Brasil são produzidas, diariamente, cerca de 250 mil toneladas de lixo.
- O número de pessoas que sofrem com a fome no mundo, entre 2011 e 2013, foi de 842 milhões.
O Design Social é metódico
Não existe um método pré-definido ou exclusivo nesta área, mas, geralmente o método mais usado é justamente o Design Thinking.
Design Thinking
O Design Thiking é uma metodologia desenvolvida para gerar ideias que possam ser inovadoras e é dividido em 5 passos:
Empatizar
Esse é o momento em que o(a) designer empatiza com as causas ao seu redor e escolhe uma delas. Pegamos por exemplo as causas citadas acima que são: falta de água potável, falta de acesso a eletricidade, a falta de acesso a informação, quantidade de lixo produzida e a fome.
Definir
Nesse momento o(a) designer precisará definir qual causa trabalhar, geralmente alguma de mais afinidade, envolvendo muita pesquisa. Nesse processo, vamos escolher a falta de água potável.
Idealizar
Essa é a parte que mais exige da cabeça criativa do(a) designer, onde, através de muita pesquisa e profundo conhecimento sobre o que se trata (sim, bem profundo), precisará desenvolver uma solução para esse problema de forma que faça sentido e que, seja palpável, dentro dos recursos disponíveis. Vamos supor que a ideia seja um filtro de barro que filtra água salgada em água potável utilizando a luz do sol.
Prototipar
O processo começa a ganhar forma a partir do momento em que seu protótipo surge, nessa etapa é hora de rever o que foi feito e corrigir os erros, porém ainda não diz se é realmente funcional até que o realmente teste.
Testar
A última etapa de todo esse processo é testar e ver se funciona, e funcionou! O exemplo acima é real e desenvolvido pelo designer Gabriele Diamanti, o chamado Eliodomestico, e é capaz de produzir até 5 litros de água potável por dia, contando apenas com a energia solar.
O design é objetivo
Em meados de 2013 tive a oportunidade de trabalhar com a reforma de um logotipo para um espaço infantil e isso provocou experiências importantes na minha carreira profissional. O logo, a princípio, compunha a ilustração de um planetinha, com duas crianças num trenzinho e a nomenclatura: “Planeta Imaginário” e a tagline: “Espaço e recreação infantil”.
Logo de início meu problema com o logotipo foi o excesso de informação e a falta de um motivo ou conceito que, consequentemente, deixava-a sem contexto nenhum.
A minha proposta original foi: primeiramente organizar as informações, esconder a tagline e trabalhar a nomenclatura de forma inteligente e conceitual.
O resultado foi a palavra “PLANETA” em forma com que pudesse encaixar perfeitamente dentro de um círculo, referindo-se a forma de um planeta, com a palavra “IMAGINÁRIO”, abaixo com letras desalinhadas, dando sentido de falta de gravidade e subjetividade da imaginação. Detalhando com um foguetinho deixando um rastro de dash-line enlaçando o planeta e funcionando como acento no “Á”.
Bem, foi reprovado.
O novo logo era ótimo, era bonito, tinha conceito e milhões de possibilidades de formas criativas com ele, porém faltou a coisa mais importante; ser objetivo.
Veja, eu não estava fazendo a logo para o jovem Google-user, mas sim para crianças novas, que precisavam ser distraídas para que os pais pudessem ter um momento de lazer no shopping center ou mesmo participar de um encontro, uma reunião ou um networking importante de negócios.
Essas crianças precisavam de um logo que falasse com elas, usando a língua delas e não de algo tão conceitual que muitas nem tinham a capacidade de absorver ainda.
A solução?
Redesenhei o logo antigo, sim o mesmo com as crianças, o trenzinho e o planeta, mas dessa vez, criei os personagens que participam do logo, transmitindo animação, felicidade, alegria, usando cores que as crianças identificam como diversão.
O resultado não poderia ser diferente, as crianças amaram e até hoje o logo é usado nos grandes shoppings center espalhados por várias filiais região afora.
Todo mundo pode ser um designer?
A resposta para isso será a mesma que meus clientes me dão quando eu pergunto se a arte tá boa: “Sim, mas…”
Todo mundo tem a capacidade de ter uma ideia brilhante, funcional, aquela “sacada genial” e isso é fato. Porém talvez o que mais difere um designer de um “mero mortal” (piadinha de designer), é o propósito.
Também diferenciando o design de outras áreas ou profissões, o design tem como foco fazer pelo outro e não por si, às vezes sem retorno financeiro nenhum, como no caso do Social Design ou Design Social. Por isso, são anos de estudo e experiências coletadas, sempre pensando no usuário, entendendo profundamente o que realmente o usuário precisa, seus costumes e cultura.
Design não é fazer uma sacada de marketing que faça alguém comprar algo, mas sim um projeto que pode mudar uma vida pra sempre ou por um grande período de tempo.
Porém, contudo, entretanto, não é preciso ser necessariamente designer pra fazer design, principalmente quando falamos do design social, essa é a parte humana, é empatizar, ter consciência, ter compaixão, e essas coisas só dependem da sua motivação para que isso aconteça!